Morre a jornalista Susana Naspolini, aos 49 anos
Repórter da TV Globo no Rio de Janeiro, a jornalista Susana Naspolini, de 49 anos, morreu nesta terça-feira. Ela lutava há dois anos contra um câncer na bacia, que já havia feito metástase, e estava em tratamento contra a doença. Ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há mais de uma semana. A notícia foi dada pela filha Julia, no Instagram da jornalista
Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu", informou a jovem.
Na sexta-feira, 21, a filha da jornalista, Julia, de 16 anos, fez um apelo no perfil da mãe no Instagram pedindo orações, contando que o estado de saúde de Susana era gravíssimo.
"Acabei de conversar com o médico dela. Ele disse que o estado dela é muito, muito grave, gravíssimo. Ela estava com metástase no osso da bacia, tinha se espalhado pela medula óssea desde julho, então ela vem com uma quimioterapia mais forte, que foi o que a fez perder o cabelo. O câncer se espalhou por vários outros órgãos, o fígado está muito comprometido, eles dizem que não sabem mais o que fazer, se tem algo a mais para fazer. O estado dela é muito grave e eu não sei o que fazer. A única coisa que eu consigo pensar em fazer é pedir orações para você", falou a jovem.
Susana, que sempre deixou clara sua alegria de viver — no Instagram, inclusive, sua "bio" diz: "Repórter da TV Globo, apaixonada pela vida e a minha FÉ é o que me faz seguir em frente!" —, refletiu sobre a morte.
— Deus não nos chama porque estamos com 90 anos, mas porque chegou a nossa hora. E Ele é tão sábio que a gente nasce sem saber qual é o nosso dia. Por isso, a gente tem que viver todo dia como se fosse o último. A maioria empurra o assunto morte para baixo do tapete. Mas ter consciência da morte não deve gerar medo, e sim gratidão por cada dia vivido. Além de uma vontade de sermos melhores como pessoas, para partirmos bem quando chegar a nossa vez. Vou encontrar meu pai, meu marido (o jornalista Maurício Torres, que morreu em 2014, aos 43 anos anos de falência múltipla de órgãos decorrente de um quadro infeccioso. Juntos, os dois tiveram uma única filha, Julia, que hoje tem16 anos. Natural de Criciúma, Santa Catarina, Susana Naspolini começou a carreira em emissoras do estado. No Rio de Janeiro, foi repórter da GloboNews e dos telejornais locais da TV Globo, onde passou a conduzir o quadro de jornalismo comunitário "RJ Móvel", do "RJTV". Lá, ela se popularizou pela abordagem na denúncia dos problemas locais em bairros do Rio e da Região Metropolitana do Rio, sempre com bom humor.
Susana Dal Farra Naspolini Torres nasceu no dia 20 de dezembro de 1972. Filha da professora Maria Dal Farra Naspolini e de Fúlvio Naspolini, sócio de uma transportadora de cargas, Susana sempre sonhou ser repórter e passou para Comunicação Social na Universidade Federal de Santa Catarina. Um ano depois, em 1991, Susana se mudou para o Rio de Janeiro, onde havia conseguido uma vaga no curso de teatro do Tablado. Poucas semanas depois, a vida a surpreendeu pela primeira vez.
Ela tinha apenas 18 anos quando descobriu que estava com um câncer nas células do sistema linfático, um linfoma de Hodgkin. Susana fez o tratamento da doença em São Paulo.
De volta a Florianópolis, em 1992, retomou o curso de Jornalismo. Aos 19 anos, começou a trabalhar como repórter do SBT. Em 1994, foi convidada pela RBS para apresentar o "Bom Dia, Santa Catarina" em Criciúma, onde a afiliada da Globo abria uma nova sede.
Alguns anos depois, foi transferida para Joinville, onde se tornou editora-chefe e apresentadora do jornal local. Foram dois anos até se tornar repórter da TV Vanguarda, afiliada da Globo em São José dos Campos, onde passou apenas dez meses. Ela ainda desabafou: "Eu estou meio triste ainda porque não contava com essa rasteira. Queria seguir meu trabalho, mas não é como a gente quer. Estou dando essa parada obrigatória".
No fim de agosto, por conta da queda intensa do cabelo em decorrência do tratamento, a jornalista decidiu raspar a cabeça e compartilhou o momento em suas redes sociais. Por causa do tratamento agressivo, Susana passou por algumas internações nos últimos tempos. Em setembro deste ano, a jornalista fez uma postagem nas redes sociais após uma das internações. Ela contou que havia recebido alta após ter ficado internada por conta de uma infecção. Na ocasião, ela publicou:
"Os braços abertos são para abraçar os técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, meninas da copa e da limpeza, por todo carinho q me deram!! Com certeza ajudou muito no tratamento! Também quero abraçar a Pastoral de Saúde do hospital que todos os dias me levou o principal alimento e principal remédio: a Eucaristia!! E claro, os braços abertos são para dar um abraço bemm apertado em todos vocês que torceram pela minha alta!! Obrigada mesmo! Agora vamos em frente, juntos…! Obrigada meu Deus, por tudo!!!". Ao longo de seus tratamentos, Susana sempre compartilhou o diagnóstico com os fãs e, muito religiosa, pedia por orações. Ela explicou em entrevista o motivo:
— Imediatamente quando posto, começa uma onda de energia. Isso dá força, dá um gás. Falar com as pessoas é uma forma de desmitificar a doença. Tudo que é compartilhado na vida fica melhor. Inclusive essas histórias. Porque, quando a gente conta, a gente está se ouvindo. Aprendemos com os outros e damos um sentido para os sofrimentos que passamos. Se o meu sofrimento servir pra ajudar alguém que está vivendo isso agora, eu já entendi por que passei por aquilo — afirmou el
A jornalista disse que não se considerava uma pessoa forte e que conseguia enfrentar os diversos diagnósticos da doença por conta de sua fé:
— Eu não sou forte coisa nenhuma. Sozinha eu já teria ficado no meio do caminho há muito tempo. Tenho plena convicção de que, se estou tocando a vida, trabalhando, cuidando da minha filha e sendo feliz, é porque Deus me dá essa força.