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Entenda por que são necessários mais exames para saber se a fã de Taylor Swift morreu devido ao forte calor
Novidades
Publicado em 20/11/2023

Entenda por que são necessários mais exames para saber se a fã de Taylor Swift morreu devido ao forte calor

Médicos legistas explicam as dificuldades de se fazer as análises, uma vez que as alterações no corpo não são visíveis a olho nu nos órgãos afetados pela exposição a altas temperaturas

A causa da morte da estudante de psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, durante show da cantora Taylor Swift, no Estádio Nilton Santos, no Engenho de Dentro, na última sexta-feira (17), ainda é desconhecida. Embora o laudo de necropsia não tenha trazido uma resposta, há suspeita de que ela tenha morrido devido ao forte calor daquele dia. A perícia pediu exames complementares toxicológico e histopatológico para cravar o que resultou na morte da vítima. As características dos órgãos afetados devido à exposição excessiva ao sol só é possível após análises ao microscópio, afirmam médicos legistas ouvidos, portanto, não são visíveis a olho nu. São avaliados fragmentos de órgãos como rim, pulmão, cérebro e fígado, conhecidos na medicina forense como exames histopatológicos. O objetivo é descobrir se há inflamação nesses tecidos, cuja causa foi o intenso calor. Para isso, são necessários até 30 dias para um resultado confiável. O exame toxicológico também é crucial, uma vez que drogas também podem causar alguma alteração no organismo. O perito legista aposentado Luiz Carlos Prestes, coordenador da Câmara Técnica de Medicina Legal do Cremerj, explica que o organismo é dotado de mecanismos de adaptação a fim de buscar o equilíbrio ao enfrentar altas temperaturas. Tal função é feita pelo hipotálamo — localizado na região do cérebro —, responsável por regular a temperatura corporal.— Toda vez que o nosso organismo não consegue esse equilíbrio, quando há problemas nessa troca de calor com o meio ambiente, ele sofre uma série de alterações. Existem inúmeros fatores que irão influenciar na gravidade das termonoses, que são esses efeitos danosos ao nosso organismo (conhecidos como doenças do calor). Por exemplo, é preciso saber se o ambiente em que a vítima se encontrava era arejado ou se ela estava confinada. Existem ainda fatores inerentes à própria pessoa. Se ela era franzina, se ela utilizou algum tipo de medicamento por ter alguma doença, ou mesmo drogas — explicou Prestes. Segundo ele, a partir do momento que o organismo não consegue esse equilíbrio, há a perda de água por meio do suor intenso e, em consequência disso, a eliminação de sódio e eletrólitos, substâncias que permitem a regulação da temperatura.— O resultado desse desequilíbrio são: queda da pressão arterial e uma sede intensa. Com o passar do tempo, se não houver a hidratação, ocorrem problemas neurológicos e cerebrais. Quando a grande fonte de calor é permanente e ela não consegue quebrar esse ciclo, há o colapso. Ela desmaia, perde a consciência e o resultado é a morte — relatou o legista.

Como a morte por excesso de exposição ao calor é investigada

Prestes explica que, quando o corpo chega ao Instituto Médico-Legal (IML), o perito analisa as informações prestadas pelo médico que atendeu a vítima no hospital. O profissional vai dar as hipóteses diagnósticas e que tipo de tratamento o paciente foi submetido, antes de morrer, assim como estado que ela chegou até a unidade. A dificuldade em atestar o óbito de vítimas que morrem por excesso de exposição ao calor se dá porque as mudanças no organismo não são percebidas a olho nu, conforme explica o legista. Daí a necessidade dos exames complementares para se chegar à conclusão. O prazo de 30 dias é por conta do tempo de preparação do órgão a ser examinado.

— Nem sempre a necropsia traz respostas imediatas. A causa da morte não é aparente, nesse caso específico — ressaltou.

Depois do resultado, a família faz o aditamento ao atestado de óbito com as novas informações a partir do laudo.

— Não é difícil ser essa a causa (alta exposição ao calor), da morte dessa jovem (Ana Clara Benevides). Em tese, segundo a apuração da imprensa, não havia água suficiente e o local (estádio) teria pouca ventilação. Mas só os exames poderão afirmar com precisão. É importante frisar que esse tipo de morte é evitável: basta hidratação e um ambiente arejado — comentou o especialista.

Outro médico legista, o professor Talvane de Moraes, explica que há dois tipos de morte em razão de exposição excessiva ao calor: por internação, quando a pessoa está em ambiente fechado sob intenso calor; e por insolação, quando a vítima foi exposta ao sol por muito tempo: — Em ambas situações, a situação é a mesma: o organismo apresenta problemas por conta da elevada temperatura exterior. Fica difícil descobrir no exame cadavérico, só olhando nos órgãos do cadáver, se a razão da morte foi por internação ou insolação, ou até outra causa. Daí a necessidade de exames complementares. Foi por isso que o colega do IML fez o requerimento para avaliar aspectos como grau de perda de substâncias fundamentais como sódio e eletrólitos, por exemplo, que resultam da desidratação aguda, do prejuízo provocado pelo calor excessivo — explicou Talvane

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