Defesa de padrasto que agrediu enteado de 4 anos alega transtornos psiquiátricos
Após ter prisão em flagrante convertida em preventiva pela 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, a defesa Victor Arthur Possobom, de 32 anos, alegou que o acusado tem transtornos psiquiátricos. O advogado criminalista Daniel Aguiar justificou as agressões com a condição psíquica de Victor, que foi flagrado por câmeras de segurança do prédio onde morava agredindo o enteado de apenas 4 anos.
“Inicialmente quero registrar que em razão da opinião pública, cumpro o dever de levar a público que o Advogado Criminalista não defende o crime, mas o cidadão que está sendo acusado de um crime, para que tenha uma sentença justa conforme prefeitura a Lei. Esse esclarecimento inicial é de fundamental importância, pois traz em si, a essência do que preceitua a Constituição Federal em seu ar 5. Inciso LV relativamente a ampla defesa. Passando a questão da filmagem, tenho a esclarecer que meu cliente sofre de transtornos psiquiátricos, e vem sendo submetido a tratamento nesse sentido. Ele tem transtorno comportamental com alternância de momentos de euforia e comportamentos impulsivos”, diz a nota.Em outro trecho, o advogado defende que Victor realizou as agressões por estar em “completa tensão emocional”, que teria sido provocada por um “surto” de Jéssica.
“Ele faz uso de medicamentos de controle especial e exatamente no dia dos fatos, em razão de Sra. Jéssica (mãe da criança) ter tido, também um ‘surto’ dizendo que iria tirar a própria vida, deixou-o em um estado de completa tensão emocional. Esclareço que a Sra. Jéssica, ao contrário, muito ao contrário do que vem alegando em público, ela não sofreu agressão por parte do Victor Arthur, deixou propositalmente de informar na mídia, que é traficante de drogas, responde a processos criminais, inclusive, no Estado de São Paulo, estava com tornozeleira e arbitrariamente se desfez da mesma”, afirmou o advogado, que conclui:
“Por isso, reitero que o episódio por ele descrito de que teria feito um aborto em razão de agressão do meu cliente, jamais isso ocorreu e em razão disso, ela deverá fazer prova nesse sentido. Já estou procedendo a de defesa do meu cliente, repito, em fiel obediência ao direito da ampla defesa. Isso é o que me cumpria esclarecer. Em anexo, envio provas documentais tanto do tratamento do Victor Arthur, quanto dos processos que a Sra. Jéssica responde.”
Victor Possobom tem passagens pela polícia por violência doméstica, lesão corporal, lesão corporal culposa, injúria e ameaça. A mãe dele foi uma das vítimas das agressões. Em 2013, ela chamou a Polícia Militar após ser espancada por ele. Possobom chegou a ser preso, mas foi liberado. Uma ex-esposa do lutador de boxe também teria sido agredida quando ele tentou visitar o filho. Ontem, o delegado Claudio Otero Ascioli, titular da 77ª DP (Icaraí) pediu a prisão de Victor Arthur em razão das agressões sofridas pelo menino. O suspeito está sendo procurado pela polícia.
Entenda o crime
O caso veio à tona nesta quinta-feira (15), quando foram divulgados vídeos das câmeras segurança do condomínio onde Victor Possobom morava com o enteado e a mãe da criança. Nas imagens, é possível observar o menino acompanhado pelo padrasto no elevador. O homem se aproxima, abaixa a máscara do rosto do menino e, num gesto de fúria, usa a mão espalmada para empurrar, com força, o rosto do garoto contra o espelho do elevador. Ele chega a usar o peso do próprio corpo para aumentar a pressão contra a cabeça do menino, parece tentar sufocá-lo.
Em outro momento, no sofá do saguão do prédio, Victor pratica novas agressões contra a criança, desta vez com dois golpes em sequência — uma cotovelada e um soco — contra a cabeça da vítima indefesa. Em seguida tenta de novo sufocar o garoto. Ao notar a presença de mais uma pessoa no local, interrompe as agressões. Logo após, grita com a criança.
O primeiro registro do caso teria sido feito à época da agressão, em fevereiro deste ano. De acordo com o RJTV, um funcionário do condomínio viu o vídeo e teria mostrado ao síndico, que procurou a 77ª DP (Icaraí) e o conselho tutelar. Sem informar quem seria o autor do registro, a delegada Raissa Celles, da 4º DPA (Departamento de Polícia de Área - Região dos Lagos, Niterói e São Gonçalo) confirmou que o caso já era de conhecimento da polícia.
— Sim, mas o registro não foi feito pela mãe nem pela família. E as imagens só foram disponibilizadas hoje. Não sabíamos o teor da agressão — disse. A polícia civil informou por meio de nota que “a 77ª DP (Icaraí) instaurou inquérito e investiga o caso. A delegacia analisa as imagens registradas da agressão e realiza demais diligências para esclarecimento dos fatos”.
— Eu tive acesso total a essas imagens agora, foi ontem. Eu fiquei desesperada, uma sensação de impotência, não sei nem explicar. Eu espero que seja feita Justiça, em breve.
Segundo ela, embora sofresse agressões físicas e psicológicas por parte do companheiro — contra quem move processo por “maus tratos” na Justiça — não percebia comportamento agressivo dele contra as crianças. O casal tem uma filha com um ano de idade.
— Ele era supercarinhoso com as crianças, normal botar de castigo, corrigir, mas nada desse tipo. Eu fique impactada, não sabia que estava vivendo com um monstro desses — afirmou.