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Bolsonaro transforma 7 de Setembro em seu maior ato de campanha, ataca a esquerda e pede votos em evento oficial
Publicado em 07/09/2022 19:42
Novidades

Bolsonaro transforma 7 de Setembro em seu maior ato de campanha, ataca a esquerda e pede votos em evento oficial

 

No dia em que transformou o bicentenário da Independência do Brasil e o feriado de Sete de Setembro num ato de campanha, violando a legislação eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro fez seu principal discurso em palanque montado na Praia de Copacabana, no Rio. Durante uma fala de pouco mais de 15 minutos, ele concentrou seus ataques à esquerda, citando governos de outros países e atacando o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida ao Planalto.

 

Depois de afirmar que governos de esquerda são marcados por corrupção, o presidente defendeu que "esse tipo de gente tem de ser extirpada da vida pública":

 

— Compare o Brasil com a Argentina, a Venezuela e a Nicarágua. Eles são amigos do quadrilheiro que disputa a eleição. Esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública, teremos um governo muito melhor com a nossa eleição, com a graça de Deus — afirmou.

 

Bolsonaro acenou a seu eleitorado evocando pautas conservadoras, como a posição contrária à legalização das drogas e do aborto, e reforçando discurso anticorrupção:

 

 

— Falo palavrão, mas não sou ladrão — disse ele, que em nenhum momento citou o nome de seu principal adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Lula, a quem se referiu, no entanto, como "quadrilheiro de nove dedos".

 

O discurso também abordou economia, com números, segundo ele, muito positivos. Ele reconheceu que há inflação no país. Mas ressaltou que a alta nos preços seria menor que a registrada na Europa e nos Estados Unidos. Bolsonaro também defendeu empresários alvos de operação da Polícia Federal por mensagens golpistas no WhtasApp — Luciano Hang esteve ao lado do presidente em Brasília e no Rio.

 

— Hoje estive com os empresários acusados de golpistas. Pelo amor de Deus. Eles tiveram a privacidade violada — disse ele, convocando os manifestantes a tomarem uma decisão "para se manter no caminho certo". — Queremos que os empresários e que vocês tenham liberdade para decidir o seu futuro. Somos escravos das nossas decisões. Veja a vida pregressa, principalmente para tomar as suas decisões. Tenho certeza que vocês sabem o que fazer para se manter no caminho certo.

 

 

Bolsonaro partiu em motociata do Aterro do Flamengo e foi anunciado no palco, em Copacabana, às 14h50, de onde assistiu apresentação da esquadrilha da fumaça e de paraquedistas do Exército e da Aeronáutica. Chegaram com ele, o governador do Rio e candidato à reeleição Cláudio Castro (PL), e o general Walter Braga Neto, vice na chapa do presidente. Recebido com gritos de "mito", o presidente quebrou o protocolo e desceu para cumprimentar o público e caminhou junto ao gradil de isolamento.

 

No evento estavam ainda o senador e coordenador de campanha, Flávio Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, agora candidato a deputado federal, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, além de apoiadores de primeira hora, como Silas Malafaia, que cedeu um dos caminhões de som, e Daniel Silveira (PTB), que teve o registro de candidatura ao Senado negado pelo TRE, mas ainda tenta viabilizá-la.

 

Lula também foi alvo dos ataques do pastor Silas Malafaia antes de Bolsonaro se pronunciar no trio elétrico de Copacabana. Ele disse que "a Bíblia diz que o diabo é pai da mentira, e Lula é filho único". Corrupção na Petrobras foi o tema central do discurso dele, enquanto o público gritava "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

 

Já Cláudio Castro, sem citar Lula, disse que adversários do presidente falam em criação de empregos, mas que Bolsonaro que teria garantido a abertura de mais vagas no Brasil.

 

Recado ao STF em Brasília

Em Brasília, os presidentes Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, Rodrigo Pacheco, do Congresso, além do fiel aliado Arthur Lira, que comanda a Câmara dos Deputados, não participaram das atividades. Luciano Hang tomou o lugar do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ao lado de Bolsonaro.

 

 

Bolsonaro abriu os eventos, pela manhã, defendendo a "liberdade" e ações do governo, em entrevista a TV Brasil. Em tom eleitoral, falou do Auxílio Brasil, Pix e da redução recente do preço do combustível. O presidente elevou o tom em seu discurso, em cima de um carro de som, dizendo que “todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal” — apoiadores do presidente exibiram faixas com mensagens de ataques ao STF e pedidos de intervenção militar. O presidente fez uma ameaça velada:

 

— É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da Constituição. Com a minha reeleição, nós traremos para as quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora dela — discursou.

 

Ao criticar o PT, Bolsonaro disse que "sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos no nosso país."

 

'Imbrochável'

Em mais uma fala machista da campanha, o Bolsonaro conclamou os apoiadores a compararem as primeiras-damas, fazendo menção a Michelle Bolsonaro e à mulher de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. Ele ainda usou o palanque para dizer que é "imbrochável".

 

— Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, da família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não, às vezes ela está na minha frente. Eu falo aos homens solteiros: procure uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda — disse o presidente, que depois puxou para si o coro de "imbrochável".

 

A manifestação de Bolsonaro gerou críticas da candidatas Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). A emedebista afimou que "o presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres", enquanto Tronicke disse que "imbrochável" é algo que "não interessa ao povo". Segundo a colunista Bela Megale, Janja foi aconselhada a ignorar as provocações.

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